Rodrigo Paz vence as eleições presidenciais na Bolívia e direita volta ao poder depois de 20 anos

O senador Rodrigo Paz venceu as eleições presidenciais da Bolívia neste domingo, 19. O economista de 58 anos superou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, de 65 anos, com 54,5% dos votos contra 45,6% do ex-presidente. Cerca de 97% dos votos já foram contabilizados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia e os números totais devem ser conhecidos em alguns dias.
A eleição encerra um período de 20 anos de governos de esquerda no país em meio a uma forte crise econômica e uma escassez de combustível.
O presidente eleito não aparecia como um dos cinco principais candidatos presidenciais durante a campanha no primeiro turno e também não era considerado favorito contra Quiroga. Ele é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993) e da espanhola Carmen Pereira e nasceu na Espanha, onde a família viveu exilada durante a ditadura militar boliviana (1964-1982).
Durante a campanha, Rodrigo Paz adotou uma estratégia modesta: caminhou por mercados e feiras populares. A atenção, no entanto, recaiu principalmente sobre seu candidato a vice, o ex-policial Edman Lara, que ganhou notoriedade nas redes sociais ao denunciar casos de corrupção na corporação. Lara foi afastado da polícia em 2024, acusado de “faltas graves”.
Crise econômica
O presidente eleito vai herdar a pior crise econômica da Bolívia desde os anos 1990. O capítulo mais recente da derrocada levou à escassez de dólares, que fez o valor da moeda disparar no mercado, elevando os custos de importados e insumos agrícolas, como fertilizantes. Isso pressionou ainda mais os preços da comida em um país onde mais de 60% da renda das famílias é dedicada à alimentação.
Nesse contexto, as eleições representam para muitos cidadãos uma esperança de mudança e a possibilidade de impulsionar políticas capazes de reverter a crise econômica que atinge, sobretudo, os setores mais pobres.
Nos mercados da Bolívia é comum ouvir que “tudo subiu” e que o dinheiro não dá mais. Por exemplo, um frango que antes custava cerca de 35 bolivianos (cerca de R$ 27) agora é vendido por 70 bolivianos (aproximadamente R$ 55). Na prática, o peso no bolso do consumidor é maior do que o mostrado pelos dados oficiais: o Instituto Nacional de Estatística (INE) registrou uma inflação acumulada de 18,33% até setembro de 2025, muito acima dos 5,53% registrados no mesmo período do ano anterior.
Fonte: Estadão
